quarta-feira, 27 de maio de 2015

RESIDÊNCIA #6


Os inícios têm uma força suplementar. Ameaçam revelar o [mais] profundo, reflectem-se e reduplicam-se. Uma vertigem diante a profundidade, uma narrativa em prolongamento de reflexos. Narrativa construída tal qual um mosaico contínuo e perpétuo, de reproduções condensadas de inícios.
Só as variáveis conferem todas as possibilidades e probabilidades de curso, atraindo as irregularidades subjacentes à representação.

Mosaico dinâmico
de
movimentos encaixados, simulados, reflectidos, duplicados, iniciados.



                                                           https://vimeo.com/128976061

terça-feira, 19 de maio de 2015

RESIDÊNCIA #6


A residência dentro de si mesma,
ou
A experiência limite que toca alguma coisa que não está plenamente presente


sexta-feira, 8 de maio de 2015

CARTOGRAFIAS DISPERSAS - RESIDÊNCIA #5


Existem aqui vários espaços, mas que nunca se sobrepõem. A solenidade do sítio cria essa separação real e fictícia e não nos deixa desviar. Sentimos-nos constantemente observados pelos tantos olhos das incríveis personagens que aí vivem. Ganham forma a partir das paredes, envolvendo-se umas com as outras, construindo estes ambiente de jogos diversos. Viver este local é deixar-se levar, envolver-se com cada um dos personagens, entrar nas suas imensas bocas, olhos e cores. A frieza das paredes diz-nos que por aqui passa muita gente, mas que ninguém fica. Os olhos perscrutadores das meninas na parede causam arrepios, mas rapidamente se imiscuem com a própria parede, a janela e as cortinas. Sopramos para sentirmos que as minhocas ainda vivem e as suas cabecinhas levantadas dizem-nos que sim e conseguimos suspirar de alívio. Escrevo com as janelas fechadas e só sinto carros a passar e presenças a seguirem-me. Fazem-me sempre sentir acompanhada e, apesar da bizarrice, sinto-me bem. São espaços de lazer, de preguiça e de trabalho tranquilo e de relax. A mesa convida a sentar e a convidar também todos os seres da sala para uma conversa à volta da mesa. As pequenas divisões que desembocam neste espaço central são como as artérias, alimentando de vitalidade o centro propulsor. Lá encontramos uma atmosfera de possibilidades condensadas, uma densidade palpitante, sob a forma de infindáveis objectos de curiosas formas, parecendo sempre prontos a sair, explodindo em múltiplas direcções. É como estar dentro de um organismo vivo, onde a cada momento os seus poros nos espiam, respiram e se fazem sentir intensamente. Será por isso que tentamos ficar mais tempo, respirando e vivendo em uníssono neste enorme ente de múltiplas caras. Num pequeno ponto mais escuro, as escadas. Uma subida estreita que deixa antever outros mundos desenvolvendo-se paralelamente. Curiosamente, neste caso, dá vontade de ficar neste longo espaço de ligação, quebrando a sua função específica. Será talvez pela invulgar luz que tem, ou, quem sabe, pelos muitos olhos que nos acompanham. Temos uma visão bastante ampla aqui e que se amplifica através dos riscos, azuis, brancos e pretos que nos transportam até ao infinito. Existem aqui vários olhos e nunca nos sentimos sozinhos. Todos nos olham e seguem nossos movimentos. Pessoas animalescas, bizarras, rudes, mas também bonecos sorridentes e piny pons inexpressivos. É já impossível disfarçar, os olhos desviam-se constantemente para aquelas grandes portas envidraçadas que deixam transparecer o impressionante interior que resguardam. Fecham-se os olhos, voltam-se a abrir, somos cada uma dessas vezes bombardeados por pequenas partículas de sonho que populam em cada canto. Uma grande sala, cheia de luz, com uma mesa no centro, leva-nos a imaginar grandes planos, quadros cheios de tinta, cor e vida, que ali crescem. Tudo está organizado. Mas é uma sensação aparente, no fundo existe aquele caos dinâmico e vivo dos espaços muito habitados. O cheiro maravilhoso dos lençóis conforta-nos e bem-vinda-nos, mas há sempre algo que nos impele a sair. Abro as janelas e entra uma luz que afasta as personagens, o que me faz logo fechá-las. Não consigo estar aqui sozinha. Tenho medo do que não está. Sente-se um pulsar latente, uma vontade maior que as próprias paredes. Um lugar com uma força incrível, rodeado de telas, tintas, panos sujos, pincéis duros do tempo e do desuso. Acompanha praticamente a casa em toda a sua extensão. Esta forte presença é bem perceptível pelas três portas que apresenta, comunicando-se facilmente com qualquer outra divisão. Espaço de vício, de prazer, de fumo, de conversas, enfim, de vida. Sempre misturado com os cheiros maravilhosos de assados, bolos ou cafés... Ao chegar, optou-se por circundar o edifício antes de entrar. Revelam-se diversas sensações à medida que se acompanha as paredes exteriores, entre as fores e a relva e os pequenos objectos e brinquedos largados no chão. Talvez sejam as meninas com os seus olhos, talvez o cheiro demasiado delicioso das camas, talvez a própria frieza do local. Mas sentimo-nos tão bem aqui, quando se apaga a luz e nos rebolamos nos cobertores cheirosos e nas almofadas gordas. Talvez sejamos nós próprios, através do espelho, que nos repugnamos e nos expulsamos. Talvez. Mas dá-me só mais cinco minutos e já saio. Aqui vivem-se mundos imaginários, reais e fantasias à espera de acontecer.
RESIDÊNCIA #5

cartografias fragmentadas,
historiografia de pontos de fuga,
construções em movimento perpétuo

































quarta-feira, 6 de maio de 2015

RESIDÊNCIA #5

no dia da liberdade ficámos presos 
nas delícias da burguesia